Co-sleeping ou Co-nfusion

Deixar ou não deixar, eis a (não) questão.  

Gosto sempre de pensar nas palavras para pensar no sentido e no sítio "das coisas": cama de casal, cama de solteiro, cama king size... Alguém já viu à venda uma cama de Família? Eu não. E se calhar não é por acaso.  

E se, por ventura, for por acaso (do amor) que deixo o meu filho dormir na minha cama, posso já pensar: vou SEMPRE a tempo. Não há manual de instruções nem formas de melhores ou piores de se ser pai ou mãe. Há o conhecimento, a investigação a ajudar-nos a pensar em várias formas de continuarmos a viver uma imperfeição parental suficientemente boa. Só precisamos disso: pais suficientemente bons (Winnicott).  

O lugar de cada pessoa em casa é um lugar seguro na vida, na imagem de si próprio, e na imagem dos outros dentro de si. Os pais (ou os cuidadores significativos) são a base e o topo da pirâmide dos filhos. São os líderes, a referência, o respeito, são, a primeira representação de amor. Ora, sempre que eu, por qualquer motivo válido que seja, dou uma viragem nesta lógica de relação dou, sem saber e sem querer, aso às confusões na vida interna das crianças. Por vida interna entendemos tudo o que a criança constrói dentro de si, da sua fantasia e imaginação, sobre tudo o que a rodeia, dentro do seu mundo psíquico. Vamos a isto: Quem é que, naturalmente, partilha cama? Quem partilha o seu papel na família, concorda? Então quem partilha a cama será: compincha de cama. 

Vejamos: se o pai de líder passa a compincha de cama, depois não peçam, obviamente, para eu o ter como líder porque ele passou a ser meu compincha de cama e, por definição, os compinchas de cama não têm poder ou liderança uns sobre os outros - estão todos ao mesmo nível. Assim, quando este mesmo pai quiser mostrar a razão em qualquer assunto (comer a sopa, portar bem, não atirar pelo ar, não chamar nomes, ...) eu não vou respeitar (assim tanto) porque somos compinchas, lembras-te? 

AH! Os compinchas de camas são, muitas vezes, namorados. Portanto vou assumir que namoro com vocês, ou que namoro contigo quando o pai não está, ou que eu não vos deixo namorar (não vá eu correr o risco de ter outro irmão)!  

AH! Os compinchas de cama são muitas vezes guardadores de sonhos. Tomo conta de ti, sei como dormes, agora não vou ser filho. Vou ser só compincha, pode ser? 

AH! Já agora, chega para lá que sou espaçoso, ok? 

E, assim, devagarinho... trocamos o lugar das pessoas pequenas lá em casa, criamos, sem darmos conta, espaço para a inversão de papéis e, por tudo isso.... 

Larguemos o CO e a FUSION, vamos só SLEEPING! 

 

Até já** 

Maria Andresen